terça-feira, 31 de março de 2020

AMOR (?) EM TEMPO DE QUARENTENA



Transamos bem menos que antes. Agora que temos a vantagem de não nos preocuparmos com horário, despertador, compromissos e afins, temos transado menos. Mas em compensação passamos mais tempo juntos. A vida às vezes, tem dessas lógicas inversas...E como sendo a relação mais duradoura que tive, nunca pensei que chegaríamos a esse estágio, mesmo todo mundo falando que sempre chega.
A gente se acarinha mais, se beija mais, se chama de amor, mas transa menos. Passamos em média uma hora pra escolher qual filme vamos assistir e pra escolher o que vamos pedir pra comer. Durmo sempre na metade do filme e nunca transo de barriga explodindo de tanto comer.
Ele gosta de dormir abraçado, mas como ronca muito, acabo empurrando ele para o outro lado da cama. Nos  chamamos de “amor”, “bebê”, “dengo”, sem nenhum receio. Fazemos vozes dengosas um para o outro, mas não estamos transando muito.
Antes nos víamos uma ou duas vezes na semana, mas transávamos equivalente para um mês. . Era muito tesão, desejo, posições, gozos. Hoje passamos maior parte fazendo companhia um para o outro...Perna em cima da perna, conversa, abraços...Será que o amo? Se não, por que mantenho ele perto? Por que o chamo  pra dormir comigo, sendo que não vou gozar o suficiente pra me satisfazer? Fico pensando se isso é um estágio do amor ou se é amor.  Nunca tive a definição do que é e como seja. Já tive até medo.
Em tempo de quarentena a gente deixa rolar como está, se há outra, deixo pra lá, não é tempo de buscar problemas e também, eu não coloco a mão no fogo por mim...

 Karlinha Ramalho

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Talvez seja!

Se um dia chorei por alguém, não lembro. Enterrei todas as lembranças ruins das relações frustradas que tive . Respirei fundo e amei.Amei a pessoa mais importante desse mundo: Eu. Amei profundamente cada parte desse corpo, mente e espírito que conta minha história e que me fez chegar aqui.
Para aqueles responsáveis pelas minhas lágrimas de tristeza, hoje eu os vejo tão pequenos e quase invisíveis. Perdoo, mas mando embora todo o acúmulo de sentimento errado que deixaram. A sentença de vocês será dada pelo tempo. Cada um sabe de sua cabeça e de seus atos.
Hoje fiquei em frente ao mar, abençoei meu corpo e espírito com a brisa da maresia e o lavei com água salgada.
Ao voltar pra casa, encontrei minha mãe deitada na rede, pegando impulso com o pé na parede para balançar. Entre um bocejo e outro ela diz: " Ai meu Deus, como é bom viver.. "
Talvez seja!


Karlinha Ramalho

Parnaíba, Piauí. 11 de janeiro de 2020.
Local da foto: Praia do Arrombado - Luís Correia - Piauí.