terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Minhas descobertas...

Descobri que tinha uma vagina, ninguém me disse, um homem tocou sem permissão, depois descobri que ela era minha, já gostei logo dela, brincamos tantos juntas, era só eu e ela, ela me dava prazer, sorriso, sensação ( me dá até hoje).Descobri que existe sexo, foi tudo de olho fechado, descoberta que não houve explicação e pra descobrir que junto com sexo veem orgasmo, gozo , demorou um certo tempo e eu comecei a querer. E quando não vinha junto com alguém eu me fechava de novo, só eu e ela, sem vai e vem. Descobri que existem réplicas de falos, não beijam, mas vibram. 

Descobri o oral, não me pediram permissão, ele abriu minhas pernas e meteu a língua direto na fonte. Descobri minha garganta, não me pediram também, baixaram minha cabeça e eu quase morri sem fôlego, mas depois gostei,não o primeiro, mas um terceiro, cheiroso demais. Descobri o anal da pior maneira, foi horrível,quis morrer, voltei de novo a conviver só eu e ela e o falo de silicone. Traumas que me deixaram longe de corpo, beijo e suor.
Descobri o amor, o amor misturado com o sexo que me levou ao paraíso, descobri que posso ter paz com isso. 
Descobri o sexo vazio que me deixou suja, descobri que um papo vale mais do que um gozo imundo no meu rosto.
Descobri de novo o anal, com gosto, com jeito, descobri direito. Me descobri, me descobrindo, me tocando, me policiando, chorando, sorrindo. 
Os traumas eu supero com amor, a cada homem que me machucou, eu escrevo sobre eles, amasso o papel e queimo. 
A cada pessoa que me amou, por muito tempo ou por uma noite, eu agradeço pela troca, pela energia que te dei e pela energia que me deu de volta.

Amo o meu corpo flácido e com estrias, amo todas as possibilidades de prazer que ele me traz e que já retribuir, amo permitir que alguém faça dele universo, verso e se ninguém faz eu mesma faço.

Karlinha Ramalho.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Muito além da carne!



Depois do meu último período mestrual me bateu uma carência daquelas, não só de sexo, mas uma carência bem maior, pois sexo até que estou evitando ultimamente. Juro! Simplesmente por uma questão de energia. Parei pra pensar no tanto que sexo é uma troca de energia cabulosa e daqui pra frente quero focar muito nessa troca de energia com alguém que esteja disposta a fazer uma troca justa e boa.
Estou até com preguiça de sexo, sabia¿ Ter que me arrumar, depilar, escolher lingerie. Pois é assim quando não se tem tanta intimidade. Estou preferindo as coisas que acontecem espontaneamente. Ando dispensando sexo por aí por pura preguiça, também.
Amando minha soletude, de pernas pro  ar, sozinha em casa, meus livros, minhas músicas, minha vidinha. Depois de anos de militância, estou na minha fase mais egoísta e sem culpa na cabeça.
Confesso que sinto falta de uma boa companhia, um papo agradável, um vinho e se o sexo vir como consequência, ótimo! Algo que vai além da carne,  estou sentindo mesmo é falta de troca, algo bem complicado em uma geração de amores e relações líquidas.
Não estou aqui querendo ser conservadora. É que com o passar do tempo vamos(pelo menos eu) sentindo falta de algo mais, nem precisa ser necessariamente uma relação, pode ser momentos de trocas, basta estar disponível para conhecer o outro sem pretensão e se rolar algo a mais, com certeza será fruto de uma construção e senão rolar, a troca já é uma experiência. Conhecer o outro é sempre uma experiência que pode ser boa, mas nos dias de hoje as pessoas caem nesse jogo  deprimente de não querer gostar, de não mandar aquele recadinho, pensando no que a pessoa vai pensar, se ela vai sumir, ou se ela vai achar que você vai ficar no pé. No fundo, pode ser só um convite pra sair, pra dançar, pra conhecer, conversar...Simples assim! E estão todos presos nessas paranóias ou nessas regras idiotas. Essa geração de desapego está cada dia mais presa, porque não há nada melhor do que se entregar e permitir. E não falo somente de sexo, na verdade, nem estou pensando nisso. Falo de se permitir conhecer o outro de uma maneira salutar.
Recentemente tava nessa disposição. Pacientemente conhecendo um rapaz, mas depois do primeiro encontro , o sumiço dele.  Uma noite agradável que se resumiu a um papo ótimo e um sexo razoável (não gozei), mas repetiria a noite se fosse possível. Até tentei, mas percebi a distância, mas tentei, me permiti conhecer, mandei o recado sem pretensão e estou pouco me lixando para o que ela deva estar pensando.
Enfim, pelo menos eu posso continuar aqui, lendo, ouvindo música, perna pra cima, minha vidinha...Segue!


(Tentando sobreviver nesse mundo,onde a “carne” é prioridade, estou pensando muto além...)

Karlinha Ramalho