Aceitei qualquer beijo estranho em pessoas insignificantes,
mas não suportei o beijo em alguém próximo. E eu que guardei palavras, sufoquei
desejos.Naquele momento, não tive chão.O vi beijando alguém do meu mundo. Dupla
frustração!
Etilicamente, chorei. Desabei ali, em meio aos boêmios embriagados.Desabei! Maior erro foi deixar o mundo ver a minha fraqueza. Eu que
me fiz fortaleza, fui atingida pelo seu gesto egoísta e leviano. Perdi pessoas,
perdi verdades! Palavras que foram sufocadas e se transformaram em lágrimas.
Sou assim mesmo, um misto de intensidades,
sou mar agitado, sou tempestade.
Retornei ao meu abrigo. Pude jorrar as lágrimas que eram
apenas palavras que queriam ser ditas. Deram facadas no meu coração! Vivi a
tortura da madrugada, esperando o sol trazer a esperança. Vai passar!
Desabei em meio à multidão. Fui vítima do pior sentimento.
Pena!
Fugi! E agora me escondo. No meu mundo, meu abrigo. Falo com
a solidão que me entende e me traz lucidez. Todo amor pra mim é nocivo. O amor
tem repulsa de mim.
No meu abrigo, as paredes parecem mais pesadas. É escuro meu
esconderijo, mas pelo menos aqui estou protegida das paixões nocivas e dos
falsos sentimentos que se disfarçam de lábios de mel e olhares eternizantes...
Karlinha Ramalho
"Quarto em Arles" é um quadro de Vicent Van Gohg, esse aí que postei...
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