quarta-feira, 27 de maio de 2015

"Quarto em Arles"

Aceitei qualquer beijo estranho em pessoas insignificantes, mas não suportei o beijo em alguém próximo. E eu que guardei palavras, sufoquei desejos.Naquele momento, não tive chão.O vi beijando alguém do meu mundo. Dupla frustração!

Etilicamente, chorei.  Desabei ali, em meio aos boêmios embriagados.Desabei! Maior erro foi deixar o mundo ver a minha fraqueza. Eu que me fiz fortaleza, fui atingida pelo seu gesto egoísta e leviano. Perdi pessoas, perdi verdades! Palavras que foram sufocadas e se transformaram em lágrimas. Sou assim mesmo,  um misto de intensidades, sou mar agitado, sou tempestade.

Retornei ao meu abrigo. Pude jorrar as lágrimas que eram apenas palavras que queriam ser ditas. Deram facadas no meu coração! Vivi a tortura da madrugada, esperando o sol trazer a esperança. Vai passar!

Desabei em meio à multidão. Fui vítima do pior sentimento. Pena!

Fugi! E agora me escondo. No meu mundo, meu abrigo. Falo com a solidão que me entende e me traz  lucidez. Todo amor pra mim é nocivo. O amor tem repulsa de mim.

No meu abrigo, as paredes parecem mais pesadas. É escuro meu esconderijo, mas pelo menos aqui estou protegida das paixões nocivas e dos falsos sentimentos que se disfarçam de lábios de mel e olhares eternizantes...

Karlinha Ramalho

"Quarto em Arles" é um quadro de Vicent Van Gohg, esse aí que postei...



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