No dia 01 de julho, as 5 horas da manhã, acordei com a notícia do falecimento do meu irmão mais velho, Thiago Brunno. Depois da ligação desesperada da minha mãe, fiquei em estado de choque. Demorei pra chorar, mas quando chorei, desabei de uma vez, logo depois, tive uma sensação de alívio. Mais tarde abri um jogo de tarô e as cartas me responderam dessa maneira: “O louco achou o seu equilíbrio” e eu compreendi que uma alma descansou.
A minha relação com o meu irmão era muito complexa. Já cheguei
a odiá-lo muito, mas nos últimos anos voltei a amá-lo. Thiago sempre foi alguém
muito desconectado desse mundo, uma criança inquieta, danada, um TDAH que nunca
foi tratado.
Foi uma criança inquieta, um adolescente difícil e um adulto
que se perdeu na jornada da vida. Teve o álcool como válvula de escape e
encorajamento. Sóbrio era calado e
quieto. Tenho muitas lembranças boas da nossa infância, ele era tipo meu protetor,
apertava minhas bochechas, brincava comigo...Lembranças
essas que vou guardar pra sempre no baú de memórias da minha vida.
Na fase adulta nos distanciamos, nos desconectamos. Mas no
fundo, aquele amor por aquele irmão da minha infância se mantinha, mesmo que
suas escolhas na vida sempre tenham sido duvidosas ou antiética, as vezes. Na
fase adulta o que mais nos conectava era a paixão por futebol, filmes e pelo Lula.
Nossos papos sempre eram em torno desses assuntos. Meu irmão também era um
grande leitor, lia de tudo. Gostava de quadrinhos e da Revista Super Interessante.
Era inteligente. Tanto é que quando foi internado em uma clínica de
recuperação, se destacou entre os demais, por conta da sua inteligência.
Hoje eu tenho a certeza que sua partida teve um propósito. Sua
alma finalmente descansou. Morreu na Ilha Grande de Santa Isabel, cidade onde
permeia toda a ancestralidade da minha família. Fui pra lá acolher minha mãe,
rezamos o terço sete dia por sua alma e a última vela que acendi para ele, a
chama se manteve sem se movimentar muito, ou seja, estava calma.
Sua alma hoje descansa em paz em outro plano que o espera
para que ele possa ressignificar sua existência.
Descanse em paz, meu irmão! Nossa infância vai ficar pra
sempre em meu coração!
Pra sempre!
Karlinha Ramalho